O papel da glândula tiroideia no funcionamento do sistema nervoso central

Dr.ª Sofia Nunes de Oliveira

Especial Tiroide

O papel da glândula tiroideia no funcionamento do sistema nervoso central

A presente edição do Projeto Especial Tiroide é dedicada ao tema “Hipotiroidismo e Doenças Neurológicas” e conta com a visão da neurologista, do Hospital da Luz, a Dr.ª Sofia Nunes de Oliveira. Em entrevista, a especialista analisa a relação das duas patologias, a influência em termos neurológicos e qual deve ser a abordagem clínica. Veja o depoimento em vídeo.

“A glândula tiroideia é absolutamente fundamental na formação, maturação e no funcionamento do sistema nervoso central e todas as doenças da tiroide podem afetá-lo”, começa por sublinhar a Dr.ª Sofia Nunes de Oliveira, reconhecendo que as relações de situações clínicas de hipotiroidismo com casos de disfunção neurológica já são conhecidas.

No entanto, a situação clínica que ainda precisa de maior evidência remete para a questão “quais são as alterações do SNS em situações de hipotiroidismo e hipertiroidismo subclínico?”, explica a neurologista.

Das várias situações de hipotiroidismo clínico possíveis, a Dr.ª Sofia Nunes de Oliveira destaca o hipotiroidismo congénito, sublinhando a importância do rastreio nos primeiros dias de vida. “O hipotiroidismo congénito não tratado leva invariavelmente a atraso mental”. No adulto as disfunções tiroideias, nomeadamente o hipotiroidismo, é responsável por disfunções cognitivas e variações de humor. Consequentemente “um quadro clínico de hipotiroidismo é acompanhado, muitas vezes, por quadros depressivos arrastados, refratários à terapêutica e de disfunção cognitiva”.

Quanto ao hipotiroidismo subclínico, caracterizado com níveis elevados de TSH, ainda com níveis normais de T3 e T4, “existem ainda algumas controvérsias sobre os efeitos clínicos destas alterações hormonais”. Contudo, “existem já estudos que comprovam que estas alterações hormonais subclínicas podem ser um fator de risco para deterioração cognitiva futura”, refere a neurologista.

No que concerne a abordagem clínica nas consultas de Neurologia e de memória, “o doseamento das hormonas tiroideias é rotina no rastreio de doenças cognitivas”, se o doente apresentar sintomas que assim o justifiquem. No caso de o doente apresentar um quadro clínico de hipotiroidismo subclínico, a especialista reitera que é indispensável “uma discussão com o endocrinologista”.

Finaliza com a sugestão que nestes doentes “a melhor abordagem passa pelo rastreio e diagnóstico precoce. Na suspeita de qualquer défice cognitivo ou de qualquer patologia de perturbação mental, sobretudo de humor, nunca esquecer a tiroide”.

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