“Numa fase final da vida, o mais importante são as necessidades do doente”
Quinta-feira, 20 Outubro 22 11:09

Prof. Doutor António Carneiro
Medicina Interna
“Numa fase final da vida, o mais importante são as necessidades do doente”
Quinta-feira, 20 Outubro 22 11:09
O Prof. Doutor António Carneiro, internista e intensivista no Hospital da Luz Arrábida, foi convidado a apresentar a sessão denominada “Em Portugal 62 % das pessoas morrem no Hospital”, no decorrer do 28.º Congresso Nacional de Medicina Interna. Em entrevista, o perito abordou a temática, aludindo para as principais causas, as patologias mais frequentemente associadas e os motivos que podem justificar estes números.
A mortalidade de pessoas em Portugal com idade superior a 80 anos é superior a 60 %, pessoas essas consideradas “tendencialmente com mais doenças acumuladas” e em simultâneo, quando vistas por profissionais de Medicina Interna. Porém, adverte que numa fase mais avançada da patologia e, consequentemente, na fase final da vida, “mais importante do que a doença é a capacidade de a acompanhar e a complexidade das necessidades do doente”, acrescentando que “não está em causa o morrer”, mas sim o modo de viver até esse momento.
As doenças cardiovasculares, respiratórias e oncológicas são, atualmente, em meio hospitalar, as mais prevalentes. Atendendo às fases avançadas de diversos tipos de patologias mais complicadas e incuráveis, a “tendência universal” dos doentes, como última instância, passa pela decisão de se dirigirem aos hospitais, um aspeto que pode ser justificado através dos apoios familiares “insuficientes”. No entanto, o “ideal” seria proceder a um plano individual e integrado de cuidados a partir do domicílio, uma vez que “as pessoas querem morrer em casa, em todas as idades, ou em Unidades de Cuidados Paliativos”, enfatiza o especialista.
“Cerca de 62 % das pessoas que morrem nos hospitais têm morte medicamente assistida”, afirmando que “é um erro dramático” a legislação nacional denominar morte medicamente assistida ao pedido submetido pelo próprio doente, quando, na verdade, o termo deve ser “morte provocada a pedido do próprio”.