Mais-valias do diagnóstico precoce e tratamento atempado com remdesivir em doentes com COVID-19

Prof. Doutor Pedro Guimarães Cunha

Medicina Interna

Mais-valias do diagnóstico precoce e tratamento atempado com remdesivir em doentes com COVID-19

O Prof. Doutor Pedro Cunha foi o moderador do simpósio promovido pela Gilead no 28.º Congresso Nacional de Medicina Interna. No final, a Médico News entrevistou o especialista de Medicina Interna do Hospital Senhora da Oliveira (Guimarães) para um breve resumo das ideias a reter das palestras realizadas por dois especialistas internacionais. Assista às declarações em vídeo.

De acordo com o Prof. Doutor Pedro Cunha, foram abordados três aspetos em particular que, na sua perspetiva, são de salientar. O primeiro foi relativo “à medicação nos doentes com COVID-19 com terapêutica antiviral”, nomeadamente, com remdesivir, e que foi apresentado pelo Prof. Robert Gottlieb, tendo este “demonstrado a importância crucial de tratar precocemente os doentes e de os identificar o mais cedo possível” para que se possa posteriormente “estratificar o seu risco de desenvolver doença mais severa e poder, de facto, iniciar um tratamento que reduz a progressão para COVID-19 severa e necessidade de hospitalização”. De acordo com o internista, este mesmo tratamento, “no caso dos doentes que se apresentam já com sintomas e necessitam de hospitalização, reduz não só a sua mortalidade, como também reduz o seu tempo de permanência no hospital”.

“O segundo aspeto foi a discussão apresentada pelo Prof. Alex Soriano de como é que nós devemos enquadrar esta necessidade de tratamento antivírico e analisar os diferentes estudos existentes relativamente ao tratamento com remdesivir dos doentes com COVID-19”, explicou o Prof. Doutor Pedro Cunha, acrescentando: “Demonstrou, claramente, que quando nós decompomos estes estudos e consideramos aqueles doentes que têm maior gravidade e que se apresentam no hospital com sintomas desenvolvidos e doença moderada a severa, tendo poucos dias de sintomas, estes correspondem a doentes com cargas víricas maiores”. Desta forma, estes doentes beneficiam igualmente “de uma aplicação mais precoce do antivírico para poderem ter melhores resultados e redução da sua mortalidade e da sua permanência no hospital”.

Em linha com as anteriores considerações, o moderador da sessão mencionou a comparação dos resultados desses estudos “com os resultados de uma coorte portuguesa”, na qual se estudou “durante um ano e meio após o início da pandemia e que demonstrou uma redução significativa da mortalidade utilizando a combinação remdesivir com dexametasona em doentes que foram tratados muito precocemente”. Segundo o Prof. Doutor Pedro Cunha, a redução significativa da mortalidade rondou os 50 %. “Dados da vida real que parecem ter uma correspondência em estudos publicados recentemente, provenientes da Dinamarca e de Itália”, sublinhou.

Para terminar, o especialista reforçou que durante a sessão foi feita “uma boa revisão da evidência existente”, sendo que, “no fim, houve uma discussão sobre o que vai ser o futuro” e ficou patente a noção de que o SARS-CoV-2 “não será um vírus típico de uma determinada época do ano, mas antes um vírus que oportunística e episodicamente terá melhores condições de replicação e se apresentará em várias ondas sucessivas”, algo que poderá implicar alterações na forma de gerir novos casos e nas estratégias hospitalares.

Reveja o simpósio na íntegra na plataforma do Congresso Nacional de Medicina Interna.


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