Insuficiência cardíaca e diabetes: melhoria dos outcomes através do diagnóstico precoce e do uso de iSGLT2

Dr. Pedro Moraes Sarmento e Dr.ª Rafaela Veríssimo

Medicina Interna

Insuficiência cardíaca e diabetes: melhoria dos outcomes através do diagnóstico precoce e do uso de iSGLT2

No segundo dia do 28.º Congresso Nacional de Medicina Interna, decorreu o simpósio promovido pela Aliança Boehringer Ingelheim-Lilly subordinado ao tema “A Medicina Interna na intersecção da Diabetes e da Insuficiência Cardíaca”. No final, a Médico News conversou com o Dr. Pedro Moraes Sarmento, moderador da sessão, e com a Dr.ª Rafaela Veríssimo, especialista convidada para ministrar uma das palestras, que fizeram um resumo das principais mensagens partilhadas, com enfoque no diagnóstico atempado e no tratamento adequado com inibidores SGLT2, que permitem um melhor prognóstico nos doentes com elevado risco cardiovascular. Assista aos vídeos das entrevistas.

“Este simpósio tem uma particular importância pelos temas que foram abordados”, começa por afirmar o Dr. Pedro Moraes Sarmento, mencionando o tópico apresentado pela Dr.ª Rafaela Veríssimo, “um dos aspetos fulcrais na fisiopatologia da insuficiência cardíaca”.

Tal como explica o moderador da sessão, a diabetes “tem a característica de poder permitir que dois tipos de insuficiência cardíaca surjam”. “O doente com diabetes não é só doença coronária, é também obesidade e inflamação”, completa, continuando a aprofundar o tema para sublinhar que “é importante que as pessoas que lidam com este doente, mesmo na ausência de sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca, nomeadamente o cansaço e a congestão, percebam que estão perante um doente de elevadíssimo risco”.

Assim, em linha com as anteriores considerações, o Dr. Pedro Moraes Sarmento realça que “todas as medidas que ao longo dos anos se têm feito na diabetes, no controlo glicémico, no controlo ponderal e da pressão arterial”, bem como na “promoção dos hábitos de saúde”, são “muito relevantes, não só para o controlo da diabetes em si, mas, sobretudo, para evitar a progressão para a insuficiência cardíaca”.

De seguida, o internista do Hospital da Luz Lisboa descreveu as mensagens a reter das apresentações da Dr.ª Rafaela Veríssimo e do Dr. Jose María Fernandez Rodriguez, “um ilustre representante da Sociedade Espanhola de Medicina Interna e que tem feito um trabalho louvável na área da insuficiência cardíaca”. Segundo o Dr. Pedro Moraes Sarmento, o palestrante mostrou “como é se aplica na prática a checklist” necessária à passagem do doente para o ambulatório e que deve ser utilizada durante todo o internamento, entre outros aspetos e dados relevantes.

Diagnóstico precoce e mais-valias dos inibidores SGLT2

Reiterando as palavras do moderador da sessão, a Dr.ª Rafaela Veríssimo realçou a importância de ter presente “que o doente diabético com insuficiência cardíaca tem uma mortalidade superior”, uma vez que a doença cardiovascular “é responsável por 50 % das mortes” nestes doentes. “Muitas vezes só descobrimos que o doente tem diabetes na altura do diagnóstico do evento cardiovascular”, afirma a especialista em Medicina Interna do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Por isso, a Dr.ª Rafaela Veríssimo defende que “o diagnóstico seja feito o mais rapidamente possível, precocemente”, sendo que, atualmente, existem “à disposição fármacos, nomeadamente, inibidores SGLT2 que permitem melhorar o prognóstico destes doentes, quer a nível da morte cardiovascular, quer a nível do internamento por insuficiência cardíaca”.

No seguimento do seu depoimento, a palestrante menciona os estudos EMPEROR-Reduced e EMPEROR-Preserved, que permitem afirmar que, “mesmo na insuficiência cardíaca crónica, temos agora uma arma importante para diminuir as hospitalizações por insuficiência cardíaca, a morte cardiovascular”, conferindo “maior qualidade de vida aos doentes, sejam eles diabéticos ou não”.

A Dr.ª Rafaela Veríssimo explica ainda o que deve ser feito por “quem trabalha com doentes com diabetes” para um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, sendo que para a insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada, temos um novo fármaco que “confere um melhor prognóstico”.

Antes de finalizar, a especialista alerta para o pensamento enviesado de que “a insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada é mais benigna do que a da fração de ejeção reduzida” e para a necessidade do tratamento mais precoce, referindo as mais-valias dos inibidores SGLT2, como a empagliflozina, nestes casos.


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