Imunização como estratégia preventiva de outras doenças infecciosas

Dr. Fábio Cota Medeiros

Infecciologia

Imunização como estratégia preventiva de outras doenças infecciosas

“Otimizar estratégias de prevenção: Vacinação no doente infetado por VIH” foi o título da comunicação do Dr. Fábio Cota Medeiros. O infecciologista compartilhou com a Médico News diversos aspetos relacionados com a vacinação nas pessoas que vivem com VIH. Veja o vídeo.

O Dr. Fábio Cota Medeiros, infecciologista do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHLN), indica à Médico News que na sua intervenção optou por “chamar a atenção para a importância da vacinação no doente com infeção por VIH”. Isto porque, lembra o especialista, estas pessoas estão “em risco aumentado para várias doenças infecciosas e nós temos uma estratégia, que é a melhor estratégia e intervenção médica disponível, que é a imunização”.

O médico especialista em Infecciologia diz que “frequentemente conversamos com o nosso doente sobre algumas vacinas, como a da gripe e mais recentemente contra a COVID-19”, porém, observa que existem “outras vacinas”. Defende, por isso, que os médicos devem estar atentos para alertarem os doentes acerca da importância de serem vacinados. Dá como exemplo a vacina contra a doença pneumocócica e refere que “têm sido disponibilizadas ao longo dos últimos anos diferentes vacinas com diferentes potenciais imunogénicos para a nossa população e recentemente com o lançamento de novas formulações temos que estar alerta para a necessidade de reformular as indicações de vacinação na nossa população”.

Por outro lado, o Dr. Fábio Cota Medeiros recorda o surto de infeção pelo vírus Monkeypox e o facto de a população com infeção por VIH estar em risco aumentado, tendo “indicação para vacinação apesar das guidelines nacionais darem prioridade ou indicarem apenas pessoas com risco de infeção transmissão sexual ou imunodepressão grave”, algo que na sua opinião pode ser limitativo e excluir algumas pessoas que poderão beneficiar.

Em entrevista à Médico News, o infecciologista do Hospital de Santa Maria confirma haver outras vacinas, que não são referidas frequentemente na consulta, “muitas vezes porque não surgem como recomendações que temos como prioritárias, entre essas estão a vacina contra o meningococo C, mas também outros serotipos do meningococo como o W e o Y”, bem como “a vacinação contra o zoster, que está indicada para pessoas com mais de 50 anos ou com risco acrescido e a população com VIH tem exatamente esse risco acrescido”.

E porque não são essas vacinas mais faladas na consulta de Infecciologia? Por um lado, “porque muitas vezes não estamos a par de todas as recomendações que existem para reduzir o risco de doença na nossa população”, responde o Dr. Fábio Cota Medeiros. Por outro, continua o especialista, “porque a nossa consulta tem uma forte restrição temporal e ao abordarmos todas as questões relevantes para a vida do doente, muitas vezes, acabamos por deixar para último o plano a vacinação e não podemos descuidar esta componente”. Aponta também o custo associado às vacinas como uma “forte restrição” e indica que “a infeção por VIH permite a vacinação gratuita contra algumas vacinas, nomeadamente contra a gripe”. Por isso, é apologista da reformulação das indicações e possivelmente dos “programas nacionais contemplarem esta vacinação alargada para a nossa população para prevenir estas doenças neste grupo de alto risco”.


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