Hipotiroidismo no doente com obesidade: “É essencial tratar” com “intervenção a nível nutricional”

João Sérgio Neves

Especial Tiroide

Hipotiroidismo no doente com obesidade: “É essencial tratar” com “intervenção a nível nutricional”

“Hipotiroidismo e obesidade: o papel do exercício físico” é o mais recente tema discutido no projeto Especial Tiroide que contou com três perspetivas: Endocrinologia, Nutrição e Atividade Física. Veja a entrevista em vídeo do Dr. João Sérgio Neves, do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), que numa visão sobre a Endocrinologia, explanou as razões, sintomas, e cuidados a ter no acompanhamento dos doentes com hipotiroidismo e obesidade.

“A obesidade é uma doença multifatorial e que em diferentes doentes pode ter várias causas”, começa por explicar o Dr. João Sérgio Neves, assegurando que “em qualquer pessoa com obesidade é essencial garantir que não há um hipotiroidismo a contribuir para o agravamento das patologias”.

Neste sentido, “uma das recomendações, muito sustentada, das guidelines é que nas pessoas com obesidade é essencial fazer um rastreio de hipotiroidismo”, ou seja, “deve-se dosear uma TSH e T4 livre”, indica o endocrinologista.

Nos casos dos doentes com obesidade e hipotiroidismo já diagnosticado “é essencial tratar”, uma vez que “se sabe que na presença de hipotiroidismo a capacidade de perder peso e de implementar as medidas de estilo de vida necessárias torna-se mais difícil”.

Quando questionado relativamente a sinais e sintomas inespecíficos do hipotiroidismo, o Dr. João Sérgio Neves refere “o cansaço, dificuldades de concentração e alterações do trânsito gastrointestinal, queixas musculares e até de uma diminuição da qualidade de vida”, enumera, acrescentando que “muitos destes sintomas podem surgir num indivíduo com obesidade e automaticamente assumir-se que essa é a causa e, por isso, é muito importante que o doente garanta que a função tiroideia está avaliada”.

“O exercício físico tem um papel bem sustentado e é recomendado como prática geral para toda a população e, em particular, para as pessoas com obesidade”, sublinha o especialista, frisando que “o tratamento da obesidade tem como primeira linha as medidas de estilo de vida, uma intervenção a nível nutricional com o aumento da atividade física”.

Relativamente à “relação do exercício físico com o hipotiroidismo”, o Dr. João Sérgio Neves esclarece que “a prática de atividade física pode ser um dos momentos essenciais para se fazer o diagnóstico”, dado que a “incapacidade, as dores musculares frequentes, as artralgias frequentes podem ser alguns dos sinais de alerta para a presença de hipotiroidismo”.

Questionado quanto aos desafios no diagnóstico e tratamento dos doentes com as duas patologias estabelecidas, o endocrinologista reitera que “o primeiro é identificar e o segundo é implementar terapêutica e garantir que é realizada de forma adequada”. Já o terceiro grande desafio apontado “é a titulação da dose”, dado que “não chega iniciar com a levotiroxina” é necessário também “ajustar a dose para atingir um nível de TSH dentro da normalidade”.

Como mensagens finais, o Dr. João Sérgio Neves deixa o alerta: “Lembrarmo-nos sempre que a pessoa com obesidade vai representar um doente complexo com múltiplas comorbilidades como a diabetes, a hipertensão, a dislipidemia, o refluxo gastroesofágico, os problemas osteoarticulares, o aumento do risco de múltiplos cancros e de múltiplas complicações cardiovasculares.”


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