“É fulcral compensar o hipotiroidismo e a diabetes gestacional para minorar as consequências”
Quinta-feira, 24 Novembro 22 09:12

Dr.ª Luísa Ruas
Especial Tiroide
“É fulcral compensar o hipotiroidismo e a diabetes gestacional para minorar as consequências”
Quinta-feira, 24 Novembro 22 09:12
A Dr.ª Luísa Ruas, endocrinologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e responsável pela Consulta de Endocrinologia e Gravidez, abordou em entrevista à Médico News, o tema da atual edição do Especial Tiroide: “Hipotiroidismo e Diabetes Gestacional”. Veja as declarações na íntegra em vídeo.
“Na gravidez, há um aumento do volume da glândula tiroideia para haver um aporte de hormona da tiroide para o feto uma vez que até às 16 semanas a glândula ainda não está desenvolvida”, explica a Dr.ª Luísa Ruas, acrescentando que “mesmo após as 16 semanas ainda está dependente do bom controlo das hormonas tiroideias maternas”.
E reitera ainda: “na primeira fase da gestação, a hormona beta-hCG tem uma função estimulante da glândula tiroideia materna, provocando o aumento da produção de T4. Esta situação por um mecanismo de feedback vai fazer com que a TSH da mãe esteja baixa e muitas vezes pode-se confundir com o hipotiroidismo no primeiro trimestre da gravidez” –, esclarece a endocrinologista, referindo que, neste sentido, é fundamental distinguir o hipotiroidismo clínico do fisiológico do primeiro trimestre.
No caso de existir um hipotiroidismo prévio à gravidez, a Dr.ª Luísa Ruas afirma que “este deve ser primeiro compensado na fase de preconceção, uma vez que pode levar a implicações a nível da gravidez e do parto”, nomeadamente atrasos cognitivos, percetíveis na idade escolar, alterações a nível da gravidez, aumento da hipertensão e de partos pré-termo.
“O hipotiroidismo tem consequências negativas na gravidez, mas também a diabetes gestacional”, garante a especialista, explicando que é primordial “compensar as duas partes”. Ou seja, “no hipotiroidismo deve-se ajustar a terapêutica com levotiroxina, na fase de preconceção, de modo a que a TSH esteja inferior a 2,5 e na diabetes gestacional deve-se instituir medidas de autovigilância glicémica e se estas ultrapassarem os alvos terapêuticos implementar medidas farmacológicas de modo a minorar as consequências de ambas as patologias”, reforça.
Questionada sobre que conselhos poderia partilhar com os clínicos gerais para uma melhor abordagem a estas doentes, a Dr.ª Luísa Ruas sumariza: “as mulheres com hipotiroidismo conhecido devem sempre ser vigiadas numa consulta antes da gravidez, onde deve ser feito o doseamento da TSH, da T4 livre e dos anticorpos” –, conclui.