Algoritmo terapêutico para a hipertensão: qual o lugar dos betabloqueadores e as mais-valias do bisoprolol
Sexta-feira, 24 Fevereiro 23 12:14

Prof. Doutor Reinhold Kreutz
Cardiologia
Algoritmo terapêutico para a hipertensão: qual o lugar dos betabloqueadores e as mais-valias do bisoprolol
Sexta-feira, 24 Fevereiro 23 12:14
Com a moderação do Prof. Doutor Luís Bronze, a sessão patrocinada pela Merck, realizada no âmbito do 17.º Congressso Português de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, contou com a presença do Prof. Doutor Reinhold Kreutz, com a palestra “A fresh look on beta-blockers and their use in hypertension”. No final da sessão, a Médico News entrevistou o diretor do Institute of Clinical Pharmacology and Toxicology da Charité Universitaetsmedizin (Berlim, Alemanha) para esclarecer o papel dos betabloqueadores no tratamento da hipertensão, desmistificar alguns conceitos relacionados com a tolerabilidade e destacar as mais-valias do bisoprolol comparativamente a outros fármacos da mesma classe. Assista às declarações em vídeo.
O Prof. Doutor Reinhold Kreutz começa por lembrar que “os betabloqueadores são recomendados como terapêutica de primeira linha”, pertencendo a um grupo “de cinco principais classes de fármacos para o tratamento da hipertensão”. “Contudo, existe um algoritmo publicado nas guidelines de 2018 [de hipertensão], no qual os betabloqueadores surgem um pouco em backstage”, afirma o especialista para justificar a razão pela qual esta classe farmacológica não é tão utilizada em alguns países “como deveria ser antecipado ou até mesmo recomendado na prática clínica”, já que “os betabloqueadores têm demonstrado, à semelhança de outras classes, que reduzem o risco em doentes com hipertensão”.
Em linha com as anteriores considerações, o Prof. Doutor Reinhold Kreutz refere que nas “2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension” (Williams B et al. Eur Heart J. 2018), os betabloqueadores são recomendados de acordo com algumas “indicações cardíacas clássicas”, tais como, “insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular, doença coronária e angina”.
Ainda assim, “existem muitas outras indicações que suportam o uso de betabloqueadores na prática clínica, mas que, por vezes, são esquecidas”, salienta o especialista, dando como exemplo “os doentes com frequência cardíaca elevada em repouso e os doentes mais jovens”, para os quais “existe um gap na evidência”, mas que se justifica pela dificuldade em realizar estudos neste grupo tão específico.
Por outro lado, o Prof. Doutor Reinhold Kreutz menciona “o equívoco” existente em torno da “tolerabilidade baixa ou comprometida” aos betabloqueadores devido a “eventos adversos relacionados com a medicação”, salientando a evidência proveniente de “grandes bases de dados” e da “prática clínica” que mostram que “o risco não é muito maior em comparação a outras classes farmacológicas”.
Antes de concluir, o especialista explica por que razão o bisoprolol se distingue de outros betabloqueadores, enaltecendo o seu elevado perfil de selectividade β-1 que, consequentemente, se traduz em maior tolerabilidade e em, por exemplo, ausência de impacto na resistência nas vias aéreas, algo particularmente importante no tratamento de doentes asmáticos.