“A IA é um complemento à decisão do clínico; nunca um substituto”
Segunda-feira, 06 Fevereiro 23 16:24

Dr.ª Juliana Pereira-Macedo
Cirurgia
“A IA é um complemento à decisão do clínico; nunca um substituto”
Segunda-feira, 06 Fevereiro 23 16:24
A inteligência artificial é uma ferramenta transversal a muitas áreas clínicas, ajudando profissionais a “conduzirem o processo de tomada de decisão”. A Dr.ª Juliana Pereira-Macedo integra o grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto que utilizaram inteligência artificial para calcular o risco de complicações neurológicas após uma cirurgia a artéria carótida em doentes cardiovasculares. Veja a entrevista.
“A inteligência artificial tem sido uma modalidade em crescimento e estamos a entrar numa era completamente dominada pela tecnologia” em prol de uma revolução na análise de dados. No entanto, a especialista destaca que esta ferramenta não é “um substituto, mas sim um complemento que apoio na decisão do clínico a estabelecer prioridades e a planear antecipadamente a situação de cada doente”.
A especialista realça ainda a importância da qualidade dos registos clínicos. “A maior dificuldade é tentar que toda a amostra seja uniforme” para que “o registo de dados clínicos esteja completo e uniformizado”.
O objetivo é “antecipar o que podemos gerir em cada situação”, com a utilização da inteligência artificial. A especialista destaca que, neste caso, se pretende “introduzir uma calculadora no algoritmo, para medir o risco perioperatório de ocorrência de enfarte agudo do miocárdio”. Após a utilização do algoritmo de inteligência artificial, “essa calculadora e mais três variáveis apresentavam capacidade de diferenciação”.
Através do cálculo e da compreensão do risco de complicações intraoperatórias e após a operação, “percebe-se a probabilidade de o doente desenvolver um evento adverso”. “Com este algoritmo, tentamos planear por antecipação como vamos gerir.” Desta forma, consegue-se perceber quem beneficia da cirurgia ou quem será prejudicado. “A inteligência artificial analisa grandes quantidades de indivíduos, portanto, é necessária uma amostra grande para conseguirmos validar todos estes resultados e para termos resultados cada vez mais precisos.”
Por fim, a especialista destaca que “os resultados têm maior força, mas é preciso olhar para toda a estatística e estudo para compreender a validade desses resultados”.